No restaurante

Wagner dos Reis Novaes

– Bom dia, freguês.

– Em primeiro lugar, boa tarde, pois já passa do meio-dia. E em segundo lugar, eu não sou freguês deste restaurante. 5ou um cliente que ocasionalmente entrou aqui.

– Então, me desculpe, meu irmão.

– Não gosto de intimidades. Não sou seu irmão!

– Desculpe-me de novo, doutor.

– Também detesto adulação. Não sou doutor!

– O que é. então, que o senhor cliente que não é freguês, nem meu irmão, nem doutor deseja?

– Se eu entro em um restaurante é claro que o que eu desejo é comer, não ach__. Ninguém vai a um restaurante a fim de ver um filme ou para comprar sapatos, não é ?

– É, sim, senhor O senhor está com toda a razão.

– Outra coisa: odeio frases feitas desse tipo “o senhor está com toda a razão”

– Queira me perdoar…O que é que o senhor deseja comer?

– Ainda não sei. Antes de dizer o que quero, preciso ver o cardápio.

– Pois não. Fique à vontade.

– Eu fico como eu quero. Nenhum garçom está autorizado a me dizer como eu tenho que ficar, entendeu?

– Entendi. Posso perguntar o que o senhor deseja para beber?

– Água mineral.

– Natural?

– Natural.

– Mineral ou natural?

– Água mineral natural. Está claro, agora?

– Sim. senhor Só isso?

– Um chope. também.

– Claro ou escuro?

– Escuro.

– Escuro?

– Claro.

– Claro ou escuro?

– Escuro, está claro?